quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Cópia de mim
Guardo as mãos no colo sereno
e já os meus olhos não bastam,
para tornar o mundo deste sótão pequeno
no teu mundo,
pois estas sombras apenas te afastam.
Tenho os caminhos das minhas lágrimas sulcadas
neste rosto cansado,
e nos cabelos já sem brilho,
apenas um travessão
da cor do tempo passado.
Sobre os ombros aconchego o xaile arrendado,
para manter o frio afastado,
das noites da tua ausência.
Por companhia tenho os pensamentos,
que embatem nas paredes da recordação,
e o gatinho malhado
que roça os meus pés
numa espécie de consolação.
E do baú com cheiro a bafio e pó
retiro os poemas que te escrevi,
numa dolência com sabor a dó das letras,
sorvo os suspiros que nunca senti de ti…
Passa-se a hora na demora
dos versos rabiscados no papel
a caneta permanente
como eu guardo para sempre
o meu amor por ti tão fiel.
E no desalento da solidão
vejo neste espelho a cópia de mim,
refletida nas paredes
desbotadas do meu coração
e num beijo soprado, que nunca me deste,
sinto que te despedes
da minha triste ilusão…
Agora já posso morrer
pois, o meu tempo nunca chegou,
peço a Morpheu que me leve
para o infinito sonho alado
de quem nunca voou!
Rosa Alentejana
04/09/2014
(imagem da net)
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