Percorro o caminho
Ladeirento e deslavado
Que fiz tantas vezes
Contigo
Morro mais um pouco
E de dorso encurvado
Vou contando as palavras
De abrigo
Enquanto o pato mergulha
Em busca de alimento
Eu busco-te – agulha em palheiro –
Nos ideais que invento
Entendo que não és perfeito
Nem eu o quero ser
Mas o amor ao nosso jeito
É pérola rubra que brilha ao nascer
Talvez se apague com o tempo
Talvez a neblina o dissipe
Talvez uma pena - ou um protótipo -
Se levante e no céu se agite
E eu não queira mais
Esse momento
Me recolha à margem
E simplesmente grite!
Porém, o que é dado
Com mesura
Deve ser retribuído
Com a mesma lisura…
Levanto os olhos e vou com a águia
Norteando novamente
A minha triste poesia…
Sou nos meus olhos d’água
Cega da minha humildade
E tu não consegues ler a mágoa
No solo cheio de humidade…
Faço a minha oração
Ao rei Sol que me acolhe
Talvez o teu coração de caracol
Que se encolhe, não seja capaz de subir por ser mole
Este enorme lodaçal…
Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
23/03/2020
(imagem do Pinterest)

Sem comentários:
Enviar um comentário