terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Atroz


Entro na sombra
sagrada e arredia
e murmuro a oração

que me queima
por dentro
qual pecado libertador

não sei se te chame poesia
ou simplesmente
meu amor

já que o enigma
é hóstia mastigada
por um rumor apagado

numa vela acesa
clareando levemente
o imenso corredor

e a abóbada cruzada
na encruzilhada de nós
já não abraça os olhos

nem acolhe com asas
de anjo
mas de albatroz

outrora a esperança
trazia o hálito sereno
e a calma sobranceira

hoje o veneno abarca
o corpo e a lembrança
do beijo é faca feroz

o silêncio é ensurdecedor
e a voz é carrasco
da sina mais atroz

27/02/2018
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário