sexta-feira, 21 de setembro de 2018

morte de uma alma

Paula Viegas escreveu no dia
14 de Setembro às 12:16
Como é que se mata uma pessoa? Abraça-a como se tivesses nascido com a medida dela e nunca mais lhe toques.
Confidencia-lhe coisas tuas, dizendo-lhe como é fácil falar com ela e nunca mais a procures. Para nada. Olha-a nos olhos e entra-lhe pela alma adentro e depois deixa-a sozinha a tentar entender como saíste de lá. E o que aconteceu. Cruza-te com ela e finge que não a viste. Fá-la acreditar que nada foi de verdade. É assim que se mata uma pessoa...

Acrescento eu:
Há mortes que não se vivem fisicamente, mas na alma. Dentro do peito existe um sentimento que no lugar do sol, planta nuvens escuras, carregadas de chuva. Os dias tornam-se pesados demais para carregar às costas da solidão, como trouxa que leva o amor, a ternura, a fantasia, e tudo o que adoça a alma. Esta definha, torna-se lugar-comum e não acredita no perfume das flores, nem no sabor do mel, e muito menos na raça humana. O egoísmo brota da fonte e mergulha a pele num naufrágio constante. O ar rarefeito condensa-se nos sonhos. E a paz que se come na metade da laranja, azeda na casca. O rosto crispado, os olhos toldados, consomem o sorriso e não existe forma de despertar da dor. A não ser que se abra a janela e um novo dia rasgue os olhos da aurora.
Rosa Alentejana Felisbela
21/09/2018

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