(Um dos textos feitos para a rádio viseualiveonline lido ontem no programa "O canto alentejano")
A valsa acorda
ao compasso da lira
dedilhada pela magia
da dama loira
e a fogueira da pira
sagrada suspira
pelo toque divino
o chão de madeira
lustrosa, ardilosa
encerada rejubila
com o peso arrastado
dos passos enlaçados
e as damas embalam
o restolhar dos vestidos
compridos, armados
e os espartilhos
cingidos
reforçando a cintura
e o decote
num calor devastador
serenado pelo
leque num gesto
“coquete”
balançam a lisura
no rosto rosado
e risonho
e evocam uma candura
virgem
numa doce vertigem
num desejo
atiçado…
é então que o consorte
alimenta a fogueira
empunhando o archote
e na loucura do momento
envolve a dama da corte
rodopiando, elevando
o vestido
exibindo o galope
trotando a valsa
como alado servidor
triunfante
e perante a plateia
inalando o perfume
do lenço
-compromisso omisso
do sinal de amor-
acalma o tremeluzir
das velas ritmadas pelo coração
da donzela
como se o restante nas pétalas
das rosas das faces
da bela e
formosa dama
-sem pecado original-
se soltassem por fim
numa chegada de primavera
antecipada
num baile quase estival
no salão da cor do marfim
inclinando os lábios
num sorriso frugal…
Rosa Alentejana Felisbela
13/03/2017
Sem comentários:
Enviar um comentário