terça-feira, 25 de outubro de 2016
Por dentro das pálpebras do poema
Subiram meus olhos a encosta
íngreme da estrada de lama
e num segundo descuidado
pela sombra das pestanas
alcançaram os sentidos das árvores
que num gemido sofrido
das folhas, choravam
a inevitabilidade do vento
e como numa profecia
de chuva, ardeu-me o sal
por dentro das pálpebras…
desceram meus olhos para o riacho
plano de dúvidas
por entre as pedras enlutadas
polidas e duras
e suspiraram a cantiga ciciante
das águas
como numa oração pedindo chuva
transbordando o caudal
doloroso da vontade
e ardeu-me o sal
por dentro das pálpebras…
e num acesso de loucura
das mãos pensativas de trovoada
rasgaram-se poemas como raios
riscando o céu do pensamento
como se as melhores palavras
se pudessem espalhar em miríades
de versos e as nuvens fossem
desfazer-se um gotículas
de ternura…com um simples olhar!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
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