segunda-feira, 25 de julho de 2016

Monotonia


Acende-se o farol da manhã
Cobrindo o manto de flores
Despertam os primeiros atores
Para a batalha diária e afã.


Sentem-se reis e senhores
Do seu destino e do seu clã
E a vontade que nasce sã
Valoriza sonhos e dores

Bocas bocejam, o barulho
Dos automóveis no asfalto…
O mundo, um monte de entulho
Que os toma, assim, de assalto

Passam rostos desconhecidos
E o cheiro a croissants e café
Devolve forças, um pouco de fé
Aos que parecem não ter destinos

Edifícios antigos, o homem comum
Se confronta em olhares furtivos
Numa tristeza de concretos vivos
E o tempo devorando um a um.

Meninos que correm descalços
Sobre as calçadas de pedra dura
A falta de amor, um pouco de ternura
Em repreensões e em abraços


Feito um mecanismo imutável cai a tarde
E com ela mais um dia da vida humana
Que regressa para seus lares, sem alarde,
Desejosa de descanso, isenta de gana.

Finda-se finalmente o sol e a monotonia
Uma estrela acende o véu da noite
Como uma solidão que se acoite
Nos braços da Lua à espera de um novo dia.

Rosa Alentejana Felisbela e Gyl
(imagem da net)

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