terça-feira, 5 de julho de 2016
Falha na erupção
Era o tempo das rochas rubras
em ponto de lava incandescente
que ao simples impulso da terra
vertiam o salivar das águas
numa pulsação rara
das caldeiras dormentes
e os montes inexplorados
deitados sobre vastas planícies
desbravavam caminhos
por entre leitos, deleitados
com as margens viçosas
afagando os braços dos rios
e os pássaros aguardavam
a explanação
convicta da adocicada foz
na pequena nascente de verbos
qual peixe rio acima
contrariando a corrente da voz
somente as guelras
respiravam o oxigénio das membranas
e transportavam as sílabas ao sangue
numa viagem em que as escamas
se importavam
com a cor do dia
e as letras, alertadas
pelo mergulho varonil da cinza vulcânica
explodiam águas subterrâneas com sabor a emoção
volátil, como o ar, como o solo,
como um coração extinto agora,
numa falha na erupção.
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
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Profundo e belo poema
ResponderEliminarUm abraço
Maria
Muito obrigada Maria
ResponderEliminarUm abraço
Felisbela