quarta-feira, 4 de março de 2015

Violino de sonhos


Sob o junco amarelecido
pela sede desse amor,
enconchado na penúria do ser,
verto poemas nesse leito
vestido do teu corpo, meu rio.

Como se o meu estivesse rendido à seca,
repleto de seixos secretos,
repleto de silêncios discretos,
repleto de areias esquecidas pelo tempo.

E é tal a delicadeza
amalgamada na concavidade
das minhas mãos,
que transborda de pureza,
espelhada e espalhada nos versos…

E canta nas águas um violino de sonhos,
como se o murmúrio da corrente resvalasse
e recolhesse
aos olhos de perfeita tentação.

Agora
pendem-me gestos indecisos dos braços,
pairando como aves de arribação
sobre esse rio,
buscando o calor dos abraços…mas,
tenho nos dedos gastos
somente palavras imprecisas,
indecisas,
aglomeradas nas margens
que habito sem autorização.

Sou fonte
desajeitada
correndo por entre pedras
e árvores
e terra
num retrocesso
de volta ao monte
da minha imaginação!

Rosa Alentejana
04/03/2015
(imagem da net)

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