terça-feira, 8 de abril de 2014

Cativa


Tenho o desejo adormecido
na folhagem costumeira
das azinheiras solitárias
envoltas no tempo quente
e seco desta terra rasa
e endurecida.

Foi o vento suão, embevecido
pelos segredos murmurados
aos ouvidos
que me talhou o caule
e me recortou em rajadas
as fantasias forjadas
em brasa nas feridas
das raízes enterradas.

Foram as chuvas de março
que me moldaram os pensamentos
e derramaram os lamentos
sobre o regaço
e sublimaram as noites frias
num gelo negro
a cada passo,
quando a força me fugia.

Mas...
caem-me as flores
de numerosas primaveras,
sempre que o roçar de um beijo
encara os olhos do sonho,
e sob a carícia dos teus dedos
acordo do desejo
onde a distância impera!

Rosa Alentejana
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário