segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Frio


Era o frio. Aquele frio que se entranha na pele, que nos gela as veias e congela o coração. Um coração demente, amargurado, dormente. Era um frio medonho, escuro e silencioso. Propagava-se pelo espaço exíguo do quarto. Agarrado às paredes, trepava até às janelas e derramava-se pelas ruas. Cada candeeiro possuía a sua aura tétrica num plano puramente elevado. Um vento agrestemente cortante sublinhava as frestas das janelas e portas. Além dele, só o ruído das lágrimas cruas, que me galgavam os olhos como rios turbulentos, se ouviam. Ao longe, a lua, no seu rosto branco e belo, comentava com as suas crateras, que a tristeza precisava de um pouco de sol…

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
07/10/2019
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário