sexta-feira, 29 de maio de 2015
Origem
Sinto o pulsar das palavras
com pressa de parir o poema
numa convulsão plena
de vontade de partir
sufocam-me as veias
alisadas pelo tempo
em verbos de cefaleias
no occipital âmago do existir
em gemidos, desalentos
que brotam da viola
campaniça, num certo
dedilhar, mesmo que a fingir
amargam-me as palavras
de licor
embebido em conchas
soltas no doce sabor
desse amor vadio
empestando as vielas de Lisboa
quando a saudade é fado
convencionado a rigor
e quando sinto as palavras
enrugadas nas mãos
constato que são rendas
dos bilros retorcidos
na colcha cintada das fazendas
acetinadas em dobras admiradas
pelos olhos em comunhão
mas são as palavras ensanguentadas
expulsas pelas contrações
ainda a flutuar no líquido amniótico
das mãos
que se transformam nas rimas
amarrotadas, imberbes
que fazem nascer o poema
hipnótico
de um poeta que, em tempos,
fez suspirar o seu próprio
criador
Rosa Alentejana
16/05/2015
(imagem da net)
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