quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Emergência
Hoje cansei-me do lirismo
próprio
das ondas do mar.
Essas que batem no céu
do horizonte da minha boca
e recuam em vagas quebradas
pelo ultramar das marés
dos meus olhos.
Hoje tenho-os
verdes
vestidos dessa esperança
que veste o mar
quando há temporal.
Não quero mais o sofisma da espuma
que me cobre por inteiro,
e se desvanece quando o sol aquece.
Quero que me mordas as palavras
como se fossem gomos
de frutos do mar
a navegar
as minhas papilas gustativas!
Quero o sabor da tua língua
de areia
gemendo a meu bel-prazer
e os teus braços abertos
de estrela-do-mar
enroscados
às minhas vestes de sereia!
Ouves, amor?
Esse grito que ecoa
na rebentação
dos meus versos?
É a sofreguidão que me consome,
que me arrasta,
que me enleia…
Rasga-me o sonho
leva-me ao vento
que mergulha o meu pensamento
e beija-me, por fim, nesse amarar
próprio do pôr-do-sol no porto
que é o meu corpo
quando emerge
mais um poema!
Rosa Alentejana
18/02/2015
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