quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Asas
Pergunto ao relógio do dia
se sabe quanto tempo passou…
Sei que as minhas asas estão expostas,
mas ninguém sabe
que a minha liberdade voou…
Não sei se foi naquele aniversário,
em que juntos fomos ver o mar,
ou se foi no dia em que ficámos
em casa a namorar,
sei que os dias se tornaram noites.
Onde foi o sonho foi morar?
Ajeito a toalha da mesa,
num gesto cuidado e ternurento,
tal como os pratos que faço
para o teu apetite violento.
Mas de nada me adianta
ser a fada do lar,
quando a tua fúria se agiganta,
nada te faz parar…
Ainda assim, sou feliz.
Tenho quem me ajude a pagar as contas,
tenho carinho e um lar
e felicidades…tantas…
Sou a rainha obreira dos teus desejos,
sou a fiel depositária dos teus beijos,
sou a guardiã do teu amor tão doce…
sou…
tua…
Só não sei como olhar as pessoas
daquela forma que gostarias…
Nem sei como afagar os animais
da maneira especial como o fizemos um dia…
E esse olhar acusador
que lateja no meu pensamento
torna-se lava incandescente
no martírio que lamento…
Apetece-me o pó
da terra, mas quem não erra?
Acabo por te perdoar
e o ciclo continua nas entranhas
deste delírio de amor
e ódio e raiva
onde a vida para e recomeça
e não sei onde vai acabar.
Rosa Alentejana
26/11/2014
(imagem da net)
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