quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Poeta sem alma
Sou eu o poeta sem alma
nesta solidão de palavras
de mãos vazias
como borboletas
escritas
sem asas
Dói-me o chão por cultivar
nesta aragem sobranceira
quando seca
a fonte,
num imenso latejar,
soluça de saudade
o sal da caligrafia
verdadeira
Já não me sobram poemas
nem sílabas para versejar
pois,
ainda as letras se perfilam
mas, para elas, ainda
que a música sussurre,
eu já não encontro
o par
Por mais que eu plante dias
no deserto do meu pensamento
não há cores, não há sons
nas palavras
que triste
invento
Vou escavar sorrisos ao sol
Vou lavrar pétalas de rosas
E a partir deste momento
vou renovar as minhas prosas
Suspirando junto da fonte,
plantando casulos
no mundo,
na eventualidade
de descobrir algo mais profundo
como o vocábulo
emergido
da terra
revolvendo a naturalidade…
surge a palavra
Amor!
Rosa Alentejana
22/10/2014
(imagem da net)
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