segunda-feira, 4 de maio de 2015

O brilho ténue que se lê no poema


Segurei no poema
como quem segura o sol
entre as mãos
e com todo o cuidado
acendi as palavras, uma a uma,
só para mim.

Ateei-lhe sons ternurentos
e apaziguados, numa calma aparente,
como cálida lua refletindo
sonhos de marfim.

Adornei-lhe as margens com pérolas
já gastas
de tantas metamorfoses levianas,
e aconcheguei-lhe o lençol de ideias
ao leito quase transbordante
de viagens soberanas,
ainda por fazer.

Foi quando o poema se inundou
de luz
pelas leituras à flor da pele
e foi mais fundo,
num movimento intenso,
que abarcou todo o meu mundo,
preso apenas pelos teus dedos,
essência que degusta os meus segredos
sempre que me vens resgatar.

E transformou-se
em barco de papel alado,
cobiçado em outros planos,
flutuando ao ritmo cadenciado
que têm os sentidos
que tantos lhes querem ler,
mas apenas tu existes no centro,
leal navegador
para o compreender.

E o poema brilhou
até se tornar vaga-lume
na alma de quem o leu,
e mordendo as vogais saboreou
o que eu realmente quis dizer,
todavia desfez-se em saliva
no céu da boca
e simplesmente…evaporou
quando em amor se rendeu!

Rosa Alentejana
04/05/2015
(imagem da net)

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