domingo, 26 de abril de 2015

Rio Coragem


Há um poema que nasceu nas pedras rubras das entranhas da terra
onde seixos cobertos de devaneios em lençóis freáticos,
provindos da acomodação estática dos dias em latência,
provocaram o jorrar lascivo dos versos…

Esse poema foi fino veio percorrendo, com receio, o seu caminho,
e nas descidas íngremes, deleitou-se com prazer no leito feito
sem calma, encontrando rochas, rasgando de ciúme a alma,
mas emergindo sempre da aspereza transformada em carinho…

Existe um poema que aconteceu nos braços de água que enlaçaram
as palavras plenas do musgo aveludado, onde cada passo foi dado
numa lógica inconsequente, mesmo quando desaguava
nos meandros agrestes e sinuosos das hipérboles crescentes…

E o poema tornou-se caudal aceso nas margens desarvoradas da poesia
a jusante dos dicionários, porque não precisou de sinónimos
para expressar a pureza dos sentimentos precários na condição
do bote de salvação de sonetos arbitrários…

Ele foi tão simples como um paradoxo vertido no rápido da voz segura do poeta
quando a queda livre das palavras murmuraram ternuras
e transpuseram metas, confluindo na foz da boca do corpo da bonança
e só nessa altura a profundidade do momento se converteu em…coragem!

Rosa Alentejana
26/04/2015

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