sexta-feira, 3 de abril de 2015

Axis-mundi


Talvez o mais sublime
da arte de semear
seja o arado que seguras com segurança,
rumo às palavras escritas
a sol na minha boca
de árvore encantada.

E quando me cobres o orvalho uterino
com as folhas da figueira,
enquanto alucino no Paraíso das tuas mãos,
sou eu a paz e a plenitude
da ânsia gravada na tua pele
e emerges camponês-guardião
da minha vontade.

Sou-te o pilar cósmico que te guia
pelas constelações do universo,
o “axis-mundi” da tua paixão, que te regenera,
fertiliza a mente,
cresce à medida da tua fome,
te torna imortal nos versos que proclamas
aos sete ventos
no Sete-Estrelo do meu sorriso!

Mas és tu a seiva que se entranha
nas raízes do meu mundo subterrâneo e vil,
que me acolhe e me assanha,
mas embriaga a sede
e sobe ao âmago da copa do meu corpo
sempre que me beijas.

É aí, onde o firmamento se confunde
com o Olimpo dos meus gemidos,
que me levas ao mundo dos Deuses
e me colocas no Altar,
como deusa-dionisíaca,
portadora do cálice de onde bebes,
e depositas nos meus cabelos
a guirlanda de rainha metafórica
dos instintos impudicos que adoras!

Promoves-me a nudez com pérolas
cor de cetim carmim
para idolatrar
a orgia lenta
dos nossos sentidos,
num Éden só nosso,
onde apenas existem infrutescências
doces e melosas como ambrósias
do nosso querer.

Rosa Alentejana
03/04/2015
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário