sábado, 11 de abril de 2015

Arder letra a letra


Permite-me
tatuar o teu nome
na noite da minha prosa
desnudada em tantos
papiros escritos,
desgastados pelo tempo
e jamais lidos por ninguém.

Permite-me
fantasiar
esse sorriso de mel
nas dobras do lençol perdido
dos meus ditongos,
rasgado de luar desidratado
onde repouso as mãos
para me inspirar.

Parte o silêncio em mil pedaços
e deixa-me olhar
o espelho
onde a verdade se acumula
no sereno da nossa cama
de gramática ousada.

Doa-me os teus abraços
na caligrafia da música secreta
da tua voz
e acende
a fogueira dos meus sentidos
lentamente
até que o soneto das nossas vontades
não seja mais do que um grito…

Cumpre-me o verso alisado
nos teus dedos
em cada poro da minha pele,
como se o sonho se tornasse vulcão
prestes a entrar na erupção
do nosso prazer.

Tapa a minha boca
com o êxtase das tuas metáforas
sílaba a sílaba
porque eu quero arder
em cada letra.

E deixa-me acordar
na lava das tuas palavras
onde cada beijo
saiba exatamente o lugar
a ocupar nos nossos poemas
em cada dia.

Rosa Alentejana
11/04/2015
(imagem da net)

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