domingo, 1 de fevereiro de 2015

Pesadelo


Hoje vesti-me de branco e negro e, descalça,
caminhei pelo caminho lamacento da vida.
Nos meus pesadelos não havia qualquer saída
e as gotas caíram como facas na bonança

Restaram-me lágrimas choradas na despedida
e os cabelos encharcados por cada lembrança
como gumes afiados cravados na minha desgraça
nessa sorte da lápide ensanguentada e consumida

pela segura decomposição intemporal e decisiva
de larvas que apodrecem o meu pensamento
que me prendem e amarram e me tornam cativa

num gosto acre e solene gerador do tormento
que recusa toda e mesmo qualquer tentativa
de fuga à tempestade e ao último julgamento!

Rosa Alentejana Felisbela
31/01/2015
(imagem da net)

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