domingo, 22 de fevereiro de 2015

Caminhos de areia


Gastos estão esses caminhos de areia
banhados constantemente pelo mar das tuas palavras
que mareia os meus cabelos e deixa o sal
nos olhos da minha alma

Gastos pela erosão desse vento perverso
que me tolda cada verso e o torna eterno
e me veste de brisa suave ou de tempestade arrastada
conforme as tuas palavras
camufladas de mel ou de fel
em vagas de vulnerabilidade

Gastos pela ode à rebentação fatídica
na rocha que trazes, tantas vezes, nas palavras
e que me ofereces como coral colorido
mas desbotado aos poucos pelos murmúrios loucos
do choro quebrado e requebrado
pelas marés do teu olhar

Gastos pelos sedimentos que voam na tua direção,
aquela que desconheço, por falta do astrolábio
que repousa no teu coração e do qual não abres mão
e vive na profunda paz da penumbra das algas
plantadas no fundo do mar das tuas palavras…

Gastos ficam os caminhos de areias brilhantes
como o são os instantes em que me seduzes
e envolves nesse mar de rosas distantes,
rubras de alvoradas deitadas sobre esse mar
infinito de palavras…que visto e me tornam
a pele morena de tanto te a_mar!

Rosa Alentejana

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