sábado, 17 de janeiro de 2015

Detenção


Estás detido por tráfico de palavras.

Foste apanhado em flagrante delito de metáforas
onde ocultaste os meus desejos
e as minhas mágoas
revertendo um poema
em algo mais…

Serás confrontado, num primeiro interrogatório judicial,
entre a minha boca e a tua
para aplicação das correspondentes medidas de coação
onde um suspiro poderá ser fatal
para o teu coração…

Por uma questão de segurança,
serás algemado pelas frases abusadas
inventadas, acetinadas
com as quais, vergonhosamente
me incendeias os dias…

Serás revistado, por uma questão de segurança,
para verificar se essas tuas mãos de poeta
não ocultam mentiras que me possam ferir.

Depois, seguirei com a revista
com mais pormenor,
das tuas roupas, que tirarei aos poucos,
com o intuito de saber se possuis alguma culpa
escondida…

Ser-te-ão lidos os Direitos e Deveres que te assistem
na qualidade de arguido, pelo que,
jamais poderás abandonar o meu leito,
de que poderás usufruir
como fazendo parte dos Direitos,
e terás para sempre
o Dever de me manter
tranquila relativamente ao teu amor.

Trata-se de um crime de moldura penal gravosa,
posto que se trata de uma escandalosa
violação dos meus sentidos,
pelo que terás que pernoitar na cela
dos meus braços por hoje.

Serás presente a interrogatório
pelos meus olhos
nos teus,
e só depois será determinada
a medida de coação a tomar daqui em diante
e determinado se recolhes ao estabelecimento prisional
do meu corpo
ou se aguardas em liberdade
que te chame quando me apetecer...

Cuidado…jamais poderás
voltar transgredir a regra do usufruto do meu prazer
sob pena um dia…
te deixar ir e
te esquecer!

Rosa Alentejana
17/01/2015
(imagem da net)

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