segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Face e forma


Que o ar se solte livre
do corpo que é vida
no teu olhar
e que esse latejar
se renda solene junto ao peito
no recanto escondido
do coração a bombear
ribeiros, rios e mares de palavras
tão ternas como o leito
derramado
nas noites vertiginosas
de luar

Que a tua mão
caia caduca na minha
como folha branca
ensaiando a dança
da caneta atrevida,
quando o poema se aninha
nas nervuras
da nossa perfumada lembrança
em linhas onduladas de prosas
de amor embebidas

Quem de nós dois irá disfarçar
o sorriso segredado
ao ouvido, numa surdez de demoras
à beira das águas espelhadas?

Somos face e forma de um mesmo lugar
de mãos dadas
sem tempo para sublinhar
o vazio dos sonhos
entre nós…a pairar!

Rosa Alentejana
27/10/2014
(imagem da net)

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