domingo, 19 de outubro de 2014

Amar


Por favor, deixa-me escrever
sobre os raios de sol
como fios de vida
coloridos
no equilíbrio de uma caligrafia
livre, para os teus olhos poderem ler

Por favor, deixa-me escrever
sobre as pétalas do girassol
amarelecendo os campos,
eterna guarida
para as minhas garatujas,
para ti,
em cada expressivo
alvorecer

Por favor, deixa-me escrever
sobre os malmequeres
de mágoas brancas
quando te perco
e desconheço onde andas
e os meus dias
ficam em claro enegrecer

Por favor, deixa-me escrever
sobre a alegria que dança
nos meus olhos ao ver
os teus
quando a retina te alcança
e as lágrimas sucumbem
num arfar de prazer

Por favor, deixa-me escrever
sobre as águas que correm
bravias e mansas
em cada sonho
que ainda quero viver

Por favor, deixa-me escrever
sobre as labaredas da raiva
quando os gestos
são projéteis
que as palavras
já não são suficientes
para o que te quero dizer

Por favor, deixa-me escrever
sobre a terra fértil da glória
quando o meu desejo
é semente de carinho
que tenho
para te oferecer

Por favor, deixa-me apenas escrever
sem condições nem amarras
que os meus gritos
são apenas aparas
do lápis que uso
para, nos meus textos,
te poder amar
sem padecer!

Rosa Alentejana
19/10/2014
(imagem da net)

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