terça-feira, 21 de outubro de 2014

Almejado sol


E os gestos vão deslizando
mansos
pelas estações da vida,
displicentes,
ao som das chuvas e ventos,
numa azáfama corriqueira a banal…

Augura-se, ao longe,
nos palácios de serras reluzentes, o sol

Pois, que seja de sol
o discurso que me sobeja
da boca apaixonada
pela crónica da vida
vista da íris dos teus olhos!

E que seja de sol
a palavra
amorosamente melosa
que escrevo com grafemas gratos
pelo hálito de desejo
provindo dessa nascente
que me dilata a vontade
de um beijo
dessa tua boca!

Que seja de sol
cada toque
sensual e servil

Que me embale o corpo

Que me morda o arroubo
das sílabas salivadas
ao ouvido morno
onde deponho as cores
do poente que teima em entardecer

Ah! Que seja de sol
a sede
que me embarga a sombra
dos poemas vespertinos
que mansamente ofereces
ao meu viver

E que seja claro o sol
que me sombreia a vida
em cada gomo triste
que saboreio
em sal
quando das tuas mãos
aguardo um gesto apenas
em forma de sinal

E aguardo-te sol
na vontade imensa que me liquefaz!

Rosa Alentejana
21/10/2014
(imagem da net)

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