sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A ferro e fogo


Nos ciclos das luas
dispo o medo brumoso
e quando a noite se deita nas ruas
deixo escapar o suspiro ansioso,
fértil de aspirações e devaneios concretos,
nas palavras que te nomeio
em significados circunspectos.

Pouso os olhos nos enluarados contornos
que assumes ao longe e pinto-te vago
na paisagem de uma tela enganosa
em que os reflexos onde vagueio
pertencem ao imenso lago
da distância amarga e penosa.

Marcas-me o sorriso a ferro e fogo
com o arado da promessa
de que um dia nos libertaremos do jugo
da vida, já sem pressa,
e juntos semearemos um campo
de rosas com pétalas dos nossos beijos.

No entanto,
assumes a margem sobre a ponte
do lado oposto ao meu escurecer
e tantas são as noites em que
o meu horizonte
se acerca dos ponteiros do relógio
e grita e chora, embora
não o deixe transparecer…
que são os meus olhos mares de mágoa
e as tuas palavras simples noz oca
que flutua e abalroa
a vontade de te ter.

Eu sou o teu amparo
Tu és o meu
enlouquecer…

Rosa Alentejana
03/10/2014
(imagem da net)

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