segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O nosso amor na escrita


Primeiro desperta-me o brilho
perdido nas janelas da alma, outrora ardentes
e afaga-me o rosto sofrido

Segreda-me,
na orla dos sonhos, versos poetas,
palavras risonhas, palavras envolventes
dessas que tão bem conheço,
das tuas lavras eloquentes

Floresce-me a tez já rendida
e sem receios, enquanto afloras
o favo submisso dos anseios,
pontos de exclamação entumecidos
pela falta do ar, pelo mel, tão aflitos
nesse quase-céu da tua língua,
por ela famintos

Desliza os teus dedos
pela interrogação do meu ser
e na trama dos segredos
mergulha a emoção sem pudor,
na devassa vontade
que gera o turbilhão de amor

Depois faz-me rir, faz-me vir
ao encontro das tuas vogais
em ditongos

Como se a sede da espera
fosse um vulcão de consoantes adiado
explodido e saciado
nesta cama de prosa
onde somos lírio e rosa
no jardim extasiado

Porque somos agora
metáfora
em forma de uma única flor
bendita
e é esta a nossa forma
de fazer amor
na escrita!

Rosa Alentejana
11/08/2014
(imagem da net)

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