quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Manhã embrumada


Sinto-te no orvalho da rosa
pela manhã
embrumada,
no cheiro a frescura calada
e no sabor a menta e hortelã
no alvoroço da desfolhada

Pressinto a tua mão
no silêncio do afago
e na lágrima chorosa
que me atormenta
as cordas vocais
e não me tocas nem sei do chão
que pisas quando te vais

Pois o meu jardim de horas
alberga a dor da tua ausência
na seiva dos dias que passam
num roçar
da inocência

Por um fino fio de luz
brilhante…nas asas das aves
que esvoaçam
e ainda adivinho o teu sorriso
no arco da íris do teu olhar
quando um beijo meu, sem aviso
nas tuas mãos vai poisar

São sacrilégios ímpares
que me permito
sonhar
pois, de ti sobra-me
o verso escrito
na sintonia
do acicatar

Só não conheço de cor
esse hálito
que tem a esperança
na boca da tua
lembrança
na manhã
de raro esplendor…

E presa ao sereno despertar
abraço o meu corpo
na suave toada
de um violino a tocar
na lonjura de um futuro
sem ti, sem mim, sem nada!

Rosa Alentejana
29/08/2014
(imagem da net)

2 comentários:

  1. Excelente! Palavras não são necessárias, o poema é um diamante lapidado, é o que eu acho.

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    1. Obrigada pelas palavras e por todo o carinho querida Natália! ;D

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