sexta-feira, 11 de julho de 2014

Por dentro da mágoa


Vejo ao longe o teu enorme e doce mar
e sinto em mim esta tortuosa saudade
de um dia, quem sabe, vir a ter a liberdade
de nos teus olhos, por um instante, mergulhar

Mas, aos poucos perdes-me por dentro
e vais matando o grito daquele desejo
onde a fome na boca pelo quente beijo
vai definhando e perdendo o seu centro

Apenas a dolorosa solidão dos meus dias
se vai escapando por entre os dedos
como areia fina, ensimesmada p’los medos,
vai ocupando as ampulhetas outrora vazias

Apenas os meus olhos, rasos de água,
como crentes em peregrinação perdidos,
na foz dos teus horizontes desconhecidos
sabem do sal que toca e arde na minha mágoa

E converto-me em praia nua e isolada
longe de falsos e ambíguos olhares,
volto a colocar os sonhos nos lugares
como se a vida jamais pudesse ser alterada.


Rosa Alentejana
11/07/2014
(imagem da net)

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