sábado, 5 de julho de 2014

Foi por ti


Por ti desfolhei os dias
como árvore de folhas perenes
em tempo caduco,
e tu sorrias,
como se os convencesses
a ficar mais um pouco

Por ti mergulhei no silêncio
das vagas fraudulentas
quando um sopro uivava
nas folhas
barulhentas

Por ti roubei essas folhas
brilhantes de fantasia
e guardei-as, meu tesouro,
nas palavras onde te segredei
poesia

Por ti fui ave em pleno voo
e sobrevoei a sombra
que do teu corpo sobrou
quando o tempo
escorregou
das tuas mãos
e não mais voltou

Por ti tornei-me raiz
exposta ao destino
que me quis
e me abraçou
num laço apertado
ferino
cruel
depositado
na margem de um
qualquer papel

Ah! Por ti...
arranquei os ramos
para não mais voltar a nascer
nem um poema!

Mas na sorte extrema
de não te ver
encontrei-te bálsamo
à luz da lua
nu
de versos
e voltei
a escrever!

Rosa Alentejana
06/07/2014
(imagem da net)

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