terça-feira, 10 de junho de 2014

Aprisionada


Presa na armadilha
da amargura
a um passo
sem partilha
que dura
dura...

Separa-me um passo
do muro
branco da inexistência
e na mão repousa
o verso laço
de pura
penitência

Toco a frieza
com os dedos
profanados
pelo silêncio
e escorre-me a tristeza
pelo âmago
da solidão
que não venço

Vergastada
pelo universo
de cada palavra
fogem fragmentos
dispersos
em sílabas
de histórias

Cada história
é um mundo
em extremos
de fôlegos
profundos
e lugares
imundos

Cicatrizes incrustadas
em peles envelhecidas
enganadas
foragidas
de vidas
jamais amadas

Obituários de emoções
nos olhos reticentes
onde a dor se encolhe
e a cor morre
para sempre

E os tambores?
Rufam pelo tempo perdido
na lógica sem lógica
do peso de amores
que voam...
fio de luz
no horizonte
distante

E eu regresso
à armadilha
sem nexo
como ave
perdida
em gaiola dourada
e se há pouco
era pouco
agora sou nada

Rosa Alentejana
10/06/2014
(imagem da net)

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